... na penúltima noite conversaram sobre tudo e sobre todos, o antes, o depois e o infinito. Riram e choraram até as cinzas se apagarem e a barra dourada do dia surgir bordando o céu.
Na última vez – nunca o dia passou tão rápido, tempo totalmente desgovernado transformando horas em segundos – nada fizeram. Apenas se deixaram estar, ali, um sentindo o outro pulsar, tão dolorosamente como a si mesmo, sangrando de amor-saudade-remorsos-certezas-esperança.
Ao amanhecer, toda a angústia de não poderem ficar juntos, toda a dor ainda por vir – bem sei que apenas começaram os caminhos frios e solitários – escorreu do peito de um para o peito do outro e então já não eram mais dois: eram um único espírito que habitava duas moradas e que só se completava com a união de ambos, poesia celeste.
Abraçaram-se, sabendo que seria a última vez, e se saudaram, um pedindo para que o caminho do outro fosse abençoado e que seus corações fossem fardos leves para carregar. Depois disso seguiram por destinos opostos na floresta e por nenhuma vez olharam para trás.
Fim.
– E então?
– Ah... bonito... (enxuga algumas lágrimas furtivas) bonito... (assoa o nariz) só queria saber... (ainda fungando) como é mesmo que isso vai me ajudar a superar meus traumas?
– Aí é que tá! (Abre um sorrisão.) Não vai. Mas não parece que, mesmo que a gente sofra horrores, existe muita boniteza por aí que faz tudo valer a pena?
– ...
(Assoa o nariz.)
2 comentários:
Não há verdade maior que esse diálogo. Muito bom!
partiu meu coração =/
é...
tem chão pela frente ainda ana
e vamo que vamo!
=D
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