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Para Pris

Postado por Ana C. |

É por todos os dias que você não viu amanhecer, pelas noites estreladas e mornas – quando bate uma brisa doce de saudade vinda do mar – pelas tardes tão nebulosas quando parece que não haverá outro amanhã.

Pelos amores sequer pensados, pelos amigos a reconhecer mundo afora, pelas danças exóticas e nunca vistas, pelos porres não tomados, risos e histórias não compartilhados, pelos quadros para admirar e pintar, livros para ler e escrever, músicas para tocar o coração... existindo independente da gente. Tudo que você perdeu.

Por tudo isso não há como pensar que não foi injusto, tão pouco tempo. Também parece estranho pensar que já se passaram 7 anos-portas-portais-labirintos-iniciações. E que diferença faz se ainda sinto? A diferença é apenas a escolha entre continuar imóvel até o fim dos tempos ou ir. (Peguem suas tochas e rifles, estamos livres.)

Gostaria de lhe contar sobre esses meus dias: como as coisas cresceram e eu, finalmente, entendi as placas pelo caminho. Contaria das cores que vieram tingindo meu passado, do sangue negro e rubro até o profundo azul de hoje, do que desejei e não tive, e das dádivas que me surpreenderam. Contaria como se aprende a renascer e a enxergar com olhos além. Do pavor que eu senti nessa cidade, de como ela tenta cuspir as pessoas, até que me surgiram vontades secretas de deitar e ver os prédios passarem. Contaria de como se aprende a esperar que as sementes vigorem e a simples alegria de ser. Mais que dividir, somar. Não falaria sobre a grande ausência, sobre as bússolas quebradas ou como é ver o mundo entre grades. Falaria das mais belas flores, de sonhos e sinos, dos mais ocultos sentimentos.

Que aprendi que a esperança nunca tem fim. São estrelas na carne.

Contarei, porque sei. Tornaremos a nos encontrar. Onde não há trevas.

Até lá... obrigada.

E fique bem, irmã.

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