Não vou reclamar pelo pouco tempo, que sei que não é só em mim que dói. Não vou pensar em quantas noites foram roubadas, quantos abraços perderam-se para sempre sem a outra parte, braços abertos no vazio.
Mesmo que queira, não vou implorar, não vou lutar. E você sabe que meu modo sempre foi brigando. Não vou escrever textos negros, manchados de fumo e café, ainda que eles arranhem o interior de meu peito em agonia de morte.
Guardarei tudo na noite profunda do interior, entre relâmpagos de luz e silêncio, ao lado de onde nascem os sonhos.
(Em toda procura da poesia acabo é encontrando uma pungente necessidade de fugir e não sentir mais nada.)
Restos e cacos.
Que a luz que irradia de você ilumine seu caminho nesse labirinto de rocha para que um dia – e eu sei que um dia não é nunca (a esperança é sempre um dom)– de maneira natural a luz que você é abre a porta e diz
A porta já estava aberta.
Sempre esteve aberta.
Só para me lembrar que devo ser colorida, não importa o que aconteça...
Comigo é abismo e buraco negro.
E nada mais.
2 comentários:
Ana, sempre te achei colorida. Mesmo que você tentasse se esconder entre o abismo e o buraco negro. (E sua alma brilha, menina. Demais!)
Adorei.
A legitimidade de se manter como 'algo' sempre é difícil de ser mantida. Mesmo mudando, mesmo oscilando entre o abismo, o colorido e o buraco negro. Ainda somos nós, pensamentos vagantes, ou pelo menos, mantemos o mesmo nome.
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