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Acima do elevador, o céu

Postado por Ana C. |

"Você disse 'eu te amo' e eu disse 'fique'.
Eu quase disse 'leve-me' mas você disse 'vá embora'."

Se fosse ficção tudo não acabaria assim, com um fechar de portas. O mocinho, ou a mocinha, sairia esbaforido pelo corredor, pediria desculpas e perceberiam o imenso erro que estavam cometendo. Mas se a história fosse minha, já seria tarde, as portas do corredor teriam se fechado, o outro elevador não chegaria nunca, e o protagonista se precipitaria 10 andares escadas abaixo. Lógico que não chegaria a tempo. E ficaria com uma cara de cachorro que caiu da mudança.
Mas na real mesmo nem assim as coisas são. A porta se fecha e ainda se pensa um pouco, então você levanta, vai beber alguma coisa e esquece o assunto. Não é que não se importe mais, é que talvez as lágrimas tenham secado, talvez tenhamos envelhecido, embrutecido. Talvez não importe mais mesmo. A ficção acabou obrigando demais e agora ninguém quer saber da real.
Mas depois de tudo quem sabe, depois de tudo sempre há esperança.

Quem sabe agora sim: o poeta.

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