Tenho uma mulher solta no apartamento.
Quanto mais tentei me aproximar mais estragos fiz pelo caminho, barulho e susto. Procurei entre suas coisas vestígios de outros tempos-vidas-amores-lembranças. Encontrei. E foi sem pena que estraçalhei seu passado – com devaneios e promessas de futuro programado a ser bom – enquanto ela resmungava alguma coisa sobre a tampa da privada.
Um dia ela aproximou-se, lentamente, brilho estranho. Fiquei tão feliz que abri os braços e o sorriso, soltando exclamação de prazer. Nessa hora seus olhos desconfiados se toldaram, escuridão profunda, e ela esgueirou-se para sempre, fora do meu alcance, animal acuado.
Tenho uma mulher solta no peito.
4 comentários:
Ana, fantástico. Sério, achei brilhante. Li o outro e esse de novo, e se tornou ainda melhor. Nossa, amei. Mesmo.
Foda.
É isso aí! :D
Lindíssimo!
Li, compreendi e senti afinidade.
(Isso vale para o texto do tigre também)
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